Roteiro: domingo em Madrid

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Rastro é o programa mais clássico de domingo em Madrid (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Domingo é um dia sem fortes emoções em boa parte do mundo, com ruas vazias e estabelecimentos fechados. Rola aquele almoço que demora horas para sair, rola preguiça, rola depressão pré-segunda… Mas não por aqui! Domingo é de verdade um dia agitado em Madrid, pelo menos na área mais central da cidade. A única diferença para sábado é que termina um pouco mais cedo.

O madrileño é tão festeiro que não faria sentido abrir mão de um dia inteiro do fim de semana. Portanto, nada de marcar voo no domingo. Fique por aqui e não se arrependerá.

Listarei, a seguir, sugestões para você aproveitar o que o domingo da capital tem de melhor. Vamos nessa?

Feiras e mercados

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Comece o passeio no Rastro pela Plaza de Cascorro (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

São o que chamamos de mercadillos por aqui. El Rastro é o mercado de rua mais famoso, concorrido e emblemático da cidade, com décadas de história e mais de mil vendedores. Vende-se basicamente de tudo por ali. É o programa clássico de domingo em Madrid. A feira marca presença todo domingo e feriado, faça chuva ou faça sol, das 9h às 15h.

Onde e como chegar ao Rastro: comece o passeio pela Plaza de Cascorro, que está ao lado do metrô La Latina (saída San Millán). A estação Tirso de Molina também fica bem perto. Quem preferir ônibus: 6, 17, 18, 23, 26, 35, 60, L5 e M1 são as opções.

El Rastro pode ser o mercado mais famoso da capital, mas não é o único. Destaco mais dois nesta lista domingueira: Mercado de Motores e Mercado de Diseño, que têm uma proposta bem diferente do tradicional Rastro.

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Mercado de Motores (crédito: Facebook do projeto)

O Mercado de Motores ocupa o Museo del Ferrocarril no segundo fim de semana de cada mês (ontem teve e volta 7 e 8 de outubro). É considerado o mercado cool de Madrid, com uma pegada vintage. Reúne moda, música, gastronomia etc. Pacote completo para quem quer vencer a preguiça. A entrada é grátis e funciona das 11h às 20h aos domingos.

Onde e como chegar ao Mercado de Motores: o Museo del Ferrocarril  fica em Paseo de las Delicias 61, quase em frente ao metrô Delicias. Quem chegar por Atocha fará uma breve e agradável caminhada até o destino (numa descida, então todo santo ajuda). Há ainda uma variedade de ônibus que passam por ali: 6, 8, 19, 45, 47, 55, 59, 85, 86, 247 e E1.

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Mercado de diseño (crédito: Facebook do evento)

Já o Mercado de Diseño é referência em design nacional há quatro anos. Além disso, oferece food truck e música ao vivo aos visitantes. A sede é o Matadero, centro cultural mais badalado da capital. Pena que não é tão frequente. O evento voltou no último fim de semana após pausa no verão, mas ainda não há data para o próximo. Geralmente, aos domingos, funciona das 11h às 21h. O ingresso antecipado sai por 2 euros.

Onde e como chegar ao Mercado de Diseño: você encontra o Matadero em Paseo de la Chopera 14, perto do metrô Legazpi. As opções de ônibus são 6, 8, 18, 19, 45, 78, 148.

Museus e centros culturais

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Museo del Prado (crédito: Facebook do museu)

Dois dos principais museus de Madrid têm entrada gratuita aos domingos: Museo del Prado, das 17h às 19h, e Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, das 13h30 às 19h. Prado, inaugurado em 1819, é um dos pontos turísticos mais visitados da capital (as filas são praticamente inevitáveis). Por lá está As meninas, de Velázquez, e muitos outros clássicos. É o museu com a coleção de pintura espanhola mais completa do mundo.

Onde e como chegar ao Prado: fica em Paseo del Prado s/n (metrô Banco de España ou Atocha e ônibus 9, 10, 14, 19, 27, 34, 37, 45).

O Reina Sofía, por sua vez, ajuda a contar a história da arte contemporânea da Espanha – e também da Europa. A estrela do museu é Guernica, quadro fundamental de Picasso, mas há também obras de Dalí, Miró, entre outros tantos. Já fui num domingo e a fila estava honesta; entrei rapidamente.

Onde e como chegar ao Reina Sofía: fica na Calle Santa Isabel 52 (metrô Atocha e ônibus 6, 14, 26, 27, 32, 34, 59, 85,102, C1).

Quer mais arte? Madrid tem ótimos centros culturais. Indico dois para o seu domingo animado: Matadero e La Casa Encendida.

Um lance bacana que percebi é que Madrid reutiliza bem seus espaços obsoletos e tem sempre algo novo por aqui – muitas vezes onde você menos imagina. É o caso do Matadero, que foi de fato um matadouro e mercado de gado durante boa parte do século XX.

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Matadero Madrid (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Hoje em dia abriga salas de exposições, oficinas, cinema e muito mais. A entrada é gratuita, embora algumas atividades sejam pagas. Eu nunca paguei nada por lá, com exceção da cerveja pós-arte, então dá para aproveitar bastante sem gastar um euro.

Onde e como chegar ao Matadero: fica em Paseo de la Chopera 14. Metrô Legazpi e ônibus 6, 8, 18, 19, 45, 78, 148.

Já La Casa Encendida se apresenta como centro de arte, meio ambiente, educação e solidariedade. A agenda cultural do espaço inclui peças, filmes, exposições, shows etc. Fica em Lavapiés, região mais multicultural do centro, e a entrada é livre. Assim como no Matadero, algumas atividades são pagas (os shows custam 5 euros, por exemplo).

Onde e como chegar à La Casa Encendida: fica na Ronda de Valencia 2. Metrô Lavapiés ou Embajadores e ônibus 27, 34, 36, 41, 119, C2.

Parques

Frequentado por turistas e locais, El Retiro é o preferido para dar aquela relaxada na grama que eles tanto gostam por aqui. Melhor ainda se for num domingo preguiçoso.  Se rolar um piquenique, então, nem se fala. São 125 hectares (não sei bem o que isso significa, mas é bastante coisa) e mais de 15 mil árvores. É certamente a área mais verde do centro. O parque mais famoso de Madrid é, portanto, bem grande e tem entradas em diferentes pontos da cidade.

Dica de como chegar: uma boa opção é pegar o metrô rumo à estação Retiro (a três paradas do Sol pela linha 2), que vai te deixar dentro do parque.

El Retiro é o mais concorrido de Madrid, mas há outros lindos parques onde você pode curtir seu piquenique de domingo, como Casa de Campo, o maior parque público da capital, e El Capricho de la Alameda de Osuna, uma lindeza mais ao norte da cidade.

Dica de como chegar: metrô Batán, Casa de Campo ou Lago (Casa de Campo) e metrô El Capricho (El Capricho de la Alameda de Osuna).

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Templo de Debod (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Agora, se a intenção for aproveitar o pôr do sol maravilindo de Madrid, sugiro o Templo de Debod e o Parque de las Siete Tetas. Presente do Egito à Espanha, o Templo é considerado por muitos o local com o pôr do sol mais fotogênico de Madrid. Pode ir com a câmera na mão que é garantia de sucesso.

Menos badalado, o Parque de las Siete Tetas, cujo nome oficial é Cerro del Tío Pío, oferece uma vista panorâmica de Madrid e muita paz. Esta belezura pouco explorada fica em Vallecas – já fora do centro, mas é possível ir direto de metrô do Sol pela linha 1 (sentido sul).

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Parque de las Siete Tetas (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Dica de como chegar: metrô Ventura Rodríguez ou Plaza de España (Debod) e metrô Portazgo ou Buenos Aires (Siete Tetas).

Comes e bebes

Rastro e Retiro podem ser programas tradicionais de Madrid, mas as terrazas são a cara do domingo na capital. O madrileño adora beber ao ar livre, principalmente nas estações mais quentes – há quem não abra mão das terrazas nem no inverno. Para se jogar nas tapas y cañas, recomendo os bairros La Latina (metrô La Latina), Lavapiés (metrô Lavapiés) e Malasaña (metrô Tribunal, Bilbao ou Noviciado, entre outros).

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El Viajero (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

O dia mais animado de La Latina é domingo, quando uma penca de gente emenda o Rastro com as muitas terrazas do bairro (saiba mais). Há, por ali, uma rua só de bares e restaurantes, a Cava Baja, com ofertas para todos os gostos. Ainda na região, recomendo os clássicos Juana La Loca, La Musa Latina e El Viajero. La Latina é boemia purinha, inclusive aos domingos, em pleno centro histórico de Madrid.

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Arte de rua no caminho para La Playa de Lavapiés (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Lavapiés e La Latina são vizinhos, então você pode seguir de um até o outro numa caminhada de no máximo 15 minutos. Em Lavapiés, bairro mais multicultural e colorido da capital, escolha algum (ou alguns) dos bares da Calle Argumosa. Minha dica por ali é La Playa de Lavapiés, cuja terraza desperta disputa entre os visitantes. Se as mesas do lado de fora estiverem tomadas, não se preocupe: o ambiente interno do bar vale a visita. Outra opção é a pizzaria NAP.

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Mercado de San Ildefonso (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Bairro boêmio e moderno, Malasaña foi parte fundamental da Movida madrileña, revolução cultural e social da década de 80. Os bares La Vía Láctea e El Penta são dois dos remanescentes desta época e seguem animados. Dicas extras: não deixe de tomar uma caña (chope) na Plaza Dos de Mayo e de beliscar algo no Mercado de San Ildefonso.

Para quem acordou faminto no domingo, tenho duas sugestões: a paella ou o churrasco. Não caia na furada de comer paella nos pontos turísticos, como a Plaza Mayor. É, geralmente, sem graça e cara. Há excelentes restaurantes de paella em Madrid, que valem o investimento (nem sempre tão alto quanto parece). Os melhores lugares não colocam foto da comida do lado de fora. A melhor forma de encontrá-los é por indicação mesmo.

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Paella do La Barraca (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

La Barraca é um belo custo-benefício, com pratos entre 15,50 euros e 22 euros por pessoa. É de lá a minha paella favorita da vida. Na mesma rua, Calle Reina (pertinho da Gran Vía), há outra opção elogiada: La Paella de La Reina. Os preços são mais ou menos os mesmos do La Barraca, sendo que a paella mais cara custa 24,90 euros por ali.

Onde e como chegar: Calle Reina 29 (La Barraca) e 39 (La paella de la reina). Metrô Banco de España ou Gran Vía.

Agora, se estiver com muita fome mesmo, corra para uma churrascaria brasileira. Mas não vá a qualquer uma, pois pode ser um mau negócio. Os melhores churrascos de Madrid são do Sabor Gaúcho e do Vila Brasil, ambos fora do centro. As carnes dos dois restaurantes são bem gostosas, mas meu coração bate um pouquinho mais forte com as do Sabor Gaúcho.

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Churrascaria Vila Brasil (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

De lá, prefiro ainda o pão de queijo e o pudim de leite condensado. No Vila Brasil, por sua vez, o feijão é mais saboroso e tem cerveja do Brasil (tomei uma Original feliz da vida). A playlist do segundo é mais agradável também. A caipirinha / caipivodka vale a pena provar nos dois.

Onde e como chegar: Calle Orense 83, pelo metrô Tetuan ou Cuzco (Sabor Gaúcho), e Calle Puenteáreas 1, pelo metrô Prosperidad ou Cartagena (Vila Brasil).

Festa

As boates de Madrid abrem aos domingos, mas minha dica é uma festa que rola durante o dia, a partir das 13h, geralmente ao ar livre. After Brunch, com o lema “sunday funday”, é um dos programas mais comentados da capital. O mais interessante é que a festa muda de lugar a cada domingo – sugiro ficar de olho nas redes sociais do projeto para descobrir os próximos destinos.

Ontem foi a vez do Autocine Madrid RACE, o maior da Europa, receber o evento. Em maio deste ano rolou uma edição no Parque del Retiro, por exemplo. Os preços dos ingressos, ainda à venda no fim de semana, variavam entre 13 euros (com uma bebida de consumação) e 120 euros (área VIP).

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6 comentários Adicione o seu

  1. Guy disse:

    Muito bom!! Sensacional!

    Curtido por 1 pessoa

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