Dicas de onde estudar espanhol em Madrid

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Puerta del Sol (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

Caso você esteja na dúvida se vale a pena estudar espanhol em Madrid, minha resposta é: vem logo. Fico com a impressão de que muitos brasileiros não têm ideia do quanto a capital é animada e multicultural.

Já fiz intercâmbio em Madrid, Barcelona, Londres e San Francisco. Amei cada viagem, mas tenho um carinho especial pelo meu primeiro intercâmbio, que foi justamente aqui, quando tinha 23 anos (prometo buscar fotos no meu baú para postar). A cidade que nunca dorme tem sempre alguma novidade e é perfeita para estudantes de todas as idades. Mesmo.

Primeiro dia e hospedagem

As escolas costumam receber os novos alunos todas as segundas do ano para um teste de nível (vá conversar com o professor ou o diretor caso não se sinta confortável no nível escolhido) e, em geral, oferecem opções de alojamento, como residência estudantil, apartamento compartilhado e casa de família.

Nunca fiquei em casa de família, porque acho que é uma loteria e talvez não me sentisse muito à vontade, mas conheço gente com ótimas experiências para contar. É, sem dúvida, um meio rápido de mergulhar na cultura espanhola. Eu prefiro residência, onde tenho liberdade e convivo com gente do mundo todo.

Se você não se sentir bem na moradia escolhida, converse com o diretor da escola ou com o profissional que cuida da parte de hospedagem dos alunos. Eu já mudei de um apartamento distante do centro para um apê bem central em Madrid. Claro que não há garantia de troca, até por uma questão de vaga, mas não custa tentar.

O valor semanal de curso mais hospedagem costuma diminuir conforme o número de semanas que você pretende estudar em Madrid. Ou seja, se você fechar pacote de duas semanas, a segunda pode ter algum desconto e assim sucessivamente. Se preferir, é possível pagar apenas pelo curso na maioria das escolas.

Tem estudante que fica só uma semana aqui (geralmente quem mora na Europa) e tem estudante que passa o ano todo (bem comum no caso dos asiáticos). Aliás, brasileiro que vem estudar por até 90 dias não precisa de visto. Caso venha por mais de 90 dias, vai precisar do visto de estudante, que deve ser solicitado no Consulado da Espanha no Brasil.

Normalmente, há uma taxa de matrícula e, em alguns cursos, cobra-se pelo livro também. Se informe antes para não ter surpresas. Além disso, as escolas costumam preparar atividades paralelas, como passeios e até viagens, para ajudar na integração e na imersão na cultura local. Algumas são grátis, mas a maioria é paga – e, claro, opcional.

Lista de cursos

Separei cinco cursos de espanhol em Madrid para te ajudar a escolher o ideal. Muitos têm metodologia e valores parecidos, mas dá para encontrar diferenças. As escolas maiores costumam manter um clima mais impessoal. Por outro lado, recebem alunos de toda parte do mundo e oferecem mais turmas e níveis. Ou seja, há vantagens e desvantagens em qualquer escolha.

Você pode fechar o intercâmbio através de uma agência brasileira, como IE, STB e CI, ou diretamente com a escola. Algumas têm agentes que trabalham com o público brasileiro e respondem em português – caso da Don Quijote, da Enforex e da EF. Como a maioria dos cursos recebe muita gente do Brasil, é comum ter versões em português dos sites.

Independentemente da escola que você escolher, confira se ela cumpre os requisitos do Instituto Cervantes. Todos os cursos credenciados destacam esta informação em seus sites e no material de divulgação.

1. Don Quijote

Vou falar mais da Don Quijote do que de outras escolas por um motivo bem simples: já estudei três vezes lá – na primeira eles ocupavam apenas um andar de um prédio comercial no centro de Madrid. Hoje o curso tem uma estrutura bem melhor, com prédio próprio, e está num bairro mais próximo da zona universitária.

Don Quijote tem mais de 30 anos de vida e é uma escola grande, daquelas que recebem gente do mundo todo, inclusive muitos brasileiros, principalmente durante as férias.

O tratamento poderia ser impessoal, mas sempre tive turmas com professores que conheciam bem os alunos e o diretor está lá diariamente para atender quem precisar. É com ele que você vai conversar caso se sinta desconfortável com o nível de espanhol da sua turma ou com qualquer outro tema relacionado ao intercâmbio.

Como em todos os cursos, o corpo de professores não é homogêneo. Ou seja, já tive aulas muito boas e aulas mais paradas na Don Quijote.

Há classes para todos os níveis de espanhol por lá. Você pode avisar se prefere estudar de manhã ou à tarde, mas nem sempre tem turma ou vaga no horário desejado. É mais fácil escolher para quem está nos primeiros níveis, já que há muitos grupos de iniciantes. No último nível, dependendo da época do ano, pode ter apenas uma turma disponível – geralmente pela manhã.

Don Quijote e Enforex são as escolas mais indicadas pelas agências do Rio de Janeiro. A metodologia, a estrutura e o preço dos dois cursos são bem parecidos, mas tenho a impressão de que a faixa etária na Don Quijote é mais ampla. Você não vai ficar numa turma só com jovens de 18 a 25 anos.

Aliás, já tive turmas muito boas por lá, com alunos de tudo quanto é país e profissão. Acabei aprendendo sobre várias culturas.

Site: www.donquijote.org/br/
E-mail: infocentral@donquijote.org

2. Enforex

É provavelmente a escola mais popular entre os brasileiros, principalmente os mais jovens. Também é grande e conhecida, com quase 30 anos no mercado e estudantes de todos os continentes. A localização (pertinho da zona universitária) e a estrutura são boas. Outro ponto positivo: há muitas atividades paralelas. E há aulas de língua estrangeira para espanhóis na Enforex, então você pode acabar conhecendo alguns madrilenhos por lá.

Voltando para as aulas de espanhol, tem turmas de todos os níveis na escola. Você pode avisar se prefere estudar de manhã ou à tarde, mas nem sempre tem vaga ou turma no horário desejado. Assim como na Don Quijote, é mais fácil escolher para quem está nos primeiros níveis, já que há muitos grupos de iniciantes. No último nível, dependendo da época do ano, pode ter apenas uma turma disponível e normalmente pela manhã.

Já escutei relatos de que o clima é mais impessoal na Enforex, principalmente nos meses mais cheios, mas todo mundo com quem conversei disse que voltaria. O preço bate com o da Don Quijote (um pouco mais em conta, talvez).

Atualizando: fiz três semanas de aulas na Enforex e gostei bastante dos professores. Os alunos, em geral, são mais jovens do que na Don Quijote e tem muitos brasileiros.

Site: http://www.enforex.com/espanhol/
E-mail: info@enforex.com

3. EF

Nunca recebi indicação da EF nas agências do Rio de Janeiro, mas sei que as agências de São Paulo costumam indicá-la. Há, inclusive, escritórios da EF no Brasil. Só fui descobrir este curso aqui em Madrid, mas ele é mundial. A EF ensina nove línguas ao redor do mundo, entre elas o espanhol.

A escola de Madrid fica num edifício moderno, com direito a jardim e mesa de pingue-pongue. Assim como Don Quijote e Enforex, recebe alunos de tudo quanto é país. Mas, pelo que apurei, é mais cara do que a média.

A EF exige no mínimo duas semanas de aula e separa as turmas por idade: de 18 a 24 anos e a partir de 25 anos. Tem opções para menores também, como o intercâmbio de férias.

Site: http://www.ef.com.br/pg/espanhol/
E-mail: myef@ef.com

4. Tandem Madrid

A Tandem é uma escola exclusivamente de Madrid, com mais de 30 anos de história, e tem um preço um pouco acima da média. Tirando o valor, que não é tão acessível, só escutei boas referências sobre o curso, que eu não conhecia antes de chegar a Madrid.

Pelos relatos que recebi, as aulas são dinâmicas e tocam em assuntos como cultura,  gastronomia, economia etc. Uma curiosidade: além dos cursos clássicos, há aulas de cidadania espanhola para quem se prepara para tirar a nacionalidade (sim, tem prova).

Na baixa temporada, de janeiro a abril, só tem aula pela manhã. Já na alta temporada, de maio a setembro, você estuda uma semana de manhã, outra à tarde e por aí vai. O site não informa sobre o esquema nos meses de outubro, novembro e dezembro. A escola não é tão grande e as turmas têm no máximo dez alunos.

A localização é boa: fica bem no centrão, a menos de dez minutos andando da Puerta del Sol. Há atividades paralelas de duas a três vezes por semana, incluindo visitas guiadas e excursões. O site da escola, com versão em português, tem uma parte grande de FAQ, onde há um monte de questões respondidas.

Site: http://www.tandemmadrid.com/br/
E-mail: spanishcourses@tandem-madrid.com

5. Centro de Estudios Luis Vives

Esta escola é a menor da lista (ocupa o que seria um grande apartamento num prédio do centro histórico de Madrid), embora isso não seja necessariamente um problema. Pelo contrário. Com menos alunos na turma você consegue um acompanhando mais próximo e acaba rendendo melhor. Além disso, o tratamento é mais personalizado.

Pelo site e pelas redes socais, já dá para notar que o clima é descontraído, sem a formalidade dos cursos maiores. E, para ajudar na integração, eles promovem encontros fora da sala de aula toda sexta – com valores em torno de 5 euros. É possível ver as fotos no Facebook da escola.

Outras vantagens da Luis Vives: é mais barata do que a média e bem localizada – a menos de cinco minutos caminhando da Puerta del Sol. E os livros foram elaborados pelos próprios professores.

Ao contrário das escolas maiores, que oferecem só intensivos com aulas diárias, neste curso você também encontra opções com duas, três ou quatro classes por semana. É o esquema ideal para quem vive em Madrid e não tem tanto tempo. Segundo informação do site, você pode começar a estudar na escola quando desejar.

O problema dos cursos menores, porém, é que não há tantos níveis nem tantas turmas disponíveis, principalmente na baixa temporada. Um amigo me sugeriu a escola e eu entrei em contato para conhecer melhor. Gostei, mas não havia turmas para o último nível (C2). Então, para quem já fala bem espanhol, Luis Vives talvez não seja a melhor opção.

Atualizando: em 2019 há turmas para os níveis mais altos (C1 e C2) de segunda a quinta, das 12h às 13h40. O esquema do curso é bem flexível. Explico: é comum fazer o pagamento equivalente a quatro semanas no início de cada mês. Eu paguei e tive que viajar para o Brasil depois de duas semanas. Não houve problema e fiquei com duas semanas de crédito para a volta.

O ambiente é de fato bem pessoal e a equipe que trabalha na escola vai te conhecer pelo nome. A maioria dos alunos mora em Madrid e já tem um nível bom de espanhol, então as aulas rendem bem e num ritmo mais acelerado do que o normal. E meu professor é ótimo. Extra: eu paguei apenas pelas aulas; não precisei pagar matrícula nem livro.

Site: https://www.spanishluisvives.com/
E-mail: spanish@luis-vives.es

Outros cursos

Aqui neste link você encontra uma lista com os cursos disponíveis no mercado atualmente. Sugiro também buscar aulas de espanhol nas universidades de Madrid e, para quem já mora aqui, pesquisar sobre cursos grátis no site da prefeitura.

Centro de Madrid (Joana Tiso / Entre tapas y cañas)

2 comentários Adicione o seu

  1. tatiana disse:

    Olá Joana!! Estou procurando escola em Madri para curso de 1 semana apenas durante o período de férias/viagem que vou fazer e achei seu site! Gostei da dica da escola Luis Vives em razão do preço e das opções de curso semi-intensivo (1h40 por dia ou 3 vezes por semana, porque me deixaria com tempo livre para explorar a cidade), como você estudou lá, acha que é válido?

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    1. Joana Tiso disse:

      Oi, Tatiana! Tudo bem? Eu acho um bom custo-benefício e uma ótima opção de acordo com o que você tá procurando. Mas leve em conta que não é uma escola grande, então é bom checar com eles se há turma disponível pro seu nível e nesse esquema semi-intensivo. Eu estudava de segunda a quinta, das 12h às 13h40, se eu não me engano. Bom, né?!

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